domingo, 3 de junho de 2012

Terras distantes - Capítulo VI

"Despertei mas relutei em abrir os olhos. Minha mente fazia mais burburinhos do que as ondas do mar, que já alcançavam meus pés. Uma onda de pensamentos confusos, desconexos, me deixavam mais tonta. Não sabia onde estava, nem quem eu era naquele momento. Sentia frio, tremia de frio, isso me fez abrir os olhos e tudo que percebi foi, na direção do meu olhar, por trás dos montes difusos, o sol se pondo irradiando raios alaranjados que transformavam todo o resto abaixo dos céus em formas escuras: os montes aparentemente estéreis, as aves marinhas que dançavam no ar enquanto recolhiam-se para seus abrigos.
       Tentei me mover, mas foi em vão. Estava muito debilitada, meus lábios estavam  ressecados e o sal ardia em minha pele, os tímidos raios do sol passaram a incomodar e eu fechei os olhos. O vento tornava-se cada vez mais persistente e a temperatura começava a desabar. Tentei abrir os olhos novamente e tive vertigem, nauseas. Apesar da pouca lucidez, estava conformada de que aquele era o meu fim. Havia desmaiado novamente, eu creio, sentia que eu não passaria daquela noite apesar de ignorar que estava no litoral da Terra de Israel, onde o clima desértico proporcionava altas temperaturas de até 50° graus ao dia e até -5° à noite."

***
Quando Elizabeth acordou, sentiu que estava aquecida e aos poucos quando foi recobrando o juízo percebeu que estava nos braços de um estranho. Assustou-se de súbito, se afastando do homem que agora podia ver o rosto, iluminado pela luz brasante da fogueira. Ele permaneceu sentado onde estava, olhando-a feliz por ela ter acordado.

Boa noite senhorita... ─ E esboçou um sorriso encantador. Seus olhos negros eram intrigantes para a garota, mas de certa forma passava segurança.
─  Onde estamos? E... quem é você? ─ Perguntava ela, enquanto dava uma breve uma olhada em volta, percebendo que estavam em um tipo de barraca improvisada e voltou a olhar para ele.

Meu nome é Balian. E estamos a algumas léguas de Jerusalém, eu creio.  O que aconteceu? ─ Ele falava sempre com calma e gentileza. Buscou um cantil de água em uma bolsa velha, que parecia ser a única coisa que ele trazia consigo, e entregou para ela.
Obviamente ela ficou surpresa com a resposta. Havia notado um sotaque francês nas falas do rapaz, até aí tudo bem, mas Jerusalém era era muito mais longe do que imaginava poder estar. Apesar disto, apenas respondeu-lhe, sem mais esforços. Sua mente não poderia ficar mais confusa.
Houve um naufrágio... ─ Mantinha um olhar distante tentando recordar-se de como aconteceu. Segurou o cantil e percebeu que estava com muita sede, bebendo então toda a água.  ─ Desculpe... mas eu preciso encontrar o meu pai. ─ Elizabeth falava em um tom apreensivo, porém com certa firmeza. Começava a tremer de frio e trasparecia nitidamente a exaustão.

Por favor... deixe-me cuidar de você, depois eu a levarei onde quiser. ─ Ele aproximou-se e abraçou-a cuidadosamente, aquecendo os seus braços.

Ela não relutou. Achava estranho estar tão próxima dele, mal o conhecia e nenhum outro homem que não fosse o seu pai chegou tão perto. Entretanto, sentia-se confortável com o calor do corpo dele e se havia algum medo ou desconfiança os mesmos haviam se dissipado naquele momento. Encostou o rosto em seu ombro e ficaram assim até pegarem no sono.

sábado, 2 de junho de 2012

Um homem da Marinha - Capítulo II

"James sempre foi apaixonado por mim, mas eu sempre o desprezava. Por Deus, eu era uma garota de 16 anos e nunca tive mãe, não sabia nada da vida. Sempre esperei por um príncipe de cavalo branco por quem me apaixonaria e teria um casamento feliz e não um velho que tinha o dobro da minha idade, hahaha. Um dia soube que assim que ele fosse promovido a comodoro, pediria minha mão. Então dei um jeitinho de adiar a promoção e ele descobriu. Magoado, ele resolveu voltar à Inglaterra. Mais ou menos um ano se passou e lá estava ele de volta à Port Royal."

***

Era fim de tarde em Port Royal quando três embarcações da Marinha Real aportaram. Elizabeth estava na vila com sua dama de companhia – tinham ido olhar o mais novo empreendimento de seu pai, um empório que acabara de receber lindos trabalhos das bordadeiras do mosteiro – quando ouviu os murmúrios e a movimentação em direção ao porto. Curiosa, ela chamou a moça para ir dar uma olhada, mas Elena logo a lembrou de que o governador não queria que elas andassem sozinhas.

Ah Elena, você sempre estragando meus planos. Não gosta de aventura? Hã? – Disse sorrindo enquanto olhava um lindo vestido branco com bordados cor de alfazema.

Não é isso, senhorita... veja este combina seu tom de pele! – Elena mostrou um vestido pêssego com bordados florais alaranjados.

Acha mesmo? – Elizabeth pegou o vestido cuidadosamente e colocou frente ao corpo, olhando-se no espelho. – Este lugar será o maior sucesso, não acha? – Virou sorrindo para Elena enquanto colocava o vestido no lugar.

Impressionante... o mesmo sorriso adoravelmente bobo... 

Elizabeth virou-se para a entrada e logo o sorriso diminuiu, porém o manteve para ser educada.

James! 

Ele sorriu levemente, e olhou em volta.

Creio que seu pai tem muito motivo de orgulho, vejo que sua idéia deu certo. Parabéns!

Obrigada... mas não trabalhei nisto sozinha – Ela sorriu. – Mas me conte... o que o fez voltar? – Perguntou já com receio da resposta.

Bom, acompanhem-me até a mansão e contarei no caminho.

Seguiram de carruagem até a mansão. Poucas horas depois, estavam todos à mesa para o jantar: Elizabeth, James e o Governador. Havia porco assado e isso deixava o senhor Swann feliz. Elizabeth, como sempre, mantinha os mais finos modos.

Sr. Norrington, foi uma perda inestimável a sua partida. Eu e minha adorável filha sempre tivemos uma grande estima por você.

Elizabeth olhava meio torto para o pai e este perguntava-lhe:

Não é verdade, minha querida?

Oh, sim. Uma impressionante estima. – Debochava sem disfarçar, voltando a comer despreocupadamente. James ficava desconcertado.

O que isso, Elizabeth? Não é apropriado...

Não é apropriado mentir, meu pai. – Interrompeu – Não foi assim que me ensinou? – Sorriu sarcasticamente.

James achou melhor interromper.

O fato é que aqui estou, Sr. Swann. E venho em nome do rei. – Falou com voz autoritária.

A partir daí, apenas falaram sobre assuntos do Estado, o que começou a entediar Elizabeth. Toda aquela diplomacia não fazia o menor sentido para ela, aliás, fazia apenas um sentido: ambições. Parecia a ela que todas as leis só existiam para beneficiar a minoria que já tinha maiores benefícios e pouco importava se alguém ia à forca inocentemente. Amava seu pai, mas indignava-se com a maneira que ele deixava-se persuadir por homens ambiciosos como James Norrington. Tentava conversar com ele sobre o assunto várias vezes, mas ele sempre a tratava como criança inocente. “O que sabe sobre governança minha pequena?”. Isso a irritava tanto. Mas no fundo ela sabia que seu pai prezava os valores da lealdade, da palavra, do sentimento, algo que começava a tornar-se raro. Ele também sempre foi compreensivo para com ela, sempre a apoiou e nunca a obrigou a fazer nada contra a vontade, até mesmo quando o assunto é casamento... e casamento passou a ser o assunto da mesa agora.

Noivo? – O governador Weatherby sorriu e fez um pequeno gesto de comemoração. – Ah mas que boa notícia! Quem é a felizarda?

Elizabeth já pensava em retirar-se da mesa, mas com essa notícia bombástica decidiu ficar e ouvir. James parecia ter um olhar bobo, como quando dirigia-se a ela a um tempo atrás.

Sim, ela não só tem o mesmo nome que você como também parece muito, Elizabeth.

Não diga! – Mais uma vez, foi sarcástica. Mas logo interrompeu qualquer comentário, falando com sinceridade. – Mas então, fico mesmo feliz por você James! Vamos tomar um champagne e brindar!

O que é isso Elizabeth? Nada de bebida alcoólica para você! – Disse sorrindo o Sr. Swann. – Mas um brinde não é nada mal!

Elizabeth reclamou, mas aceitou brindar com refresco. Mal sabia o pai que ela havia experimentado rum com uma pirata. Riu-se, lembrando. O Sr. Swann estourou a champagne e todos brindaram sorrindo. Neste momento ouviu-se um estrondo alto, vindo do porto, que não ficava tão longe da mansão, a vila era pequena. Elizabeth reconheceu e logo assustou-se. Eram canhões. James e Weatherby entreolharam-se, o governador tinha um olhar mais assustado do que o de Elizabeth.

Ai meu Deus! Piratas! – Gritou ele.

Venham, rápido! – Chamou James, correndo com os dois para fora da mansão a fim de tomar a carruagem e levá-los com segurança para o Forte Charles. Entraram depressa na carruagem e seguiram pela vila, que já estava sendo tomada pelos piratas. Gritos, trincar de armas e tiros eram ouvidos. Elizabeth encolhia-se abraçando seu pai, apavorada. Uma explosão fez a carruagem virar. James e Elizabeth não se machucaram, mas o Sr. Swann estava desacordado e ela ao perceber desesperou-se.

Pai, papai acorda por favor!!!

Um pirata percebeu que se tratava da carruagem do governador e logo ouviu-a.

Companheiros, venham aqui! A filha do governador está aqui, olha que gracinha!

Arrr! – Três piratas vieram gritando e eles tiraram Elizabeth à força.

Não, não, não! Pai, pai!! – Gritava ela aos prantos.

James conseguiu se soltar dos destroços e sacou sua espada, atacando os piratas imediatamente. Empurrou o primeiro, golpeou o segundo e correu até os outros que estavam com Elizabeth até que um deles ameaçou-a com uma faca e James congelou. Este fugiu com a garota e os outros partiram pra cima do homem, que lutava heroicamente.


***



Elizabeth foi levada amordaçada e amarrada para o navio pirata. Não tinha sido fácil contê-la, e os piratas levaram vários pontapés, arranhões e mordidas no caminho. Ao sair no bote, viu o navio iluminado pela lua cheia e envolto por uma névoa. Quando chegaram perto, percebeu que o navio não só tinha as velas negras como todo ele era de madeira negra. Pérola Negra? Perguntou-se. Logo, embarcaram no navio.

Bem vindo ao Pérola Negra, gracinha... – Falou um dos que estavam subindo os botes. Ele era pavoroso, faltavam-lhe dentes e tinha os olhos tortos e medonhos!

Levem-na logo para a prisão! Depois veremos com o capitão o que faremos. – Disse outro, que parecia ter uma autoridade a mais.

Levaram-na imediatamente. Uma confusão se fazia no convés e o navio começava a zarpar. Elizabeth transformou o medo em excitação ao saber que estava no lendário Pérola Negra. Esquecia de que estava refém e tentava olhar curiosa tudo no navio, mas não dava certo. O pirata que a levava era grotesco e ameaçava batê-la a cada vez que tentava mover a cabeça para olhar algo. Ela então voltou a ter medo, não imaginava o que aquele homem poderia fazer com ela. Desceram até o porão dos prisioneiros e o homem a jogou em uma cela, trancando-a logo em seguida.

– Você tem sorte de estar em um navio sob o comando do Jack Sparrow, garota. – Disse passando o braço pela grade e arrancando a mordaça dela.

Sorte? Não considero um seqüestro como sorte! Muito menos tendo que aturar um pirata imundo como você! – Disse ela furiosa, encarando-o.

O pirata rapidamente segurou o pescoço dela, levantando-a.

Olha só... não tem noção do perigo. Tsc tsc... uma coisa tão bonita...

Solte-a. – Uma voz autoritária feminina o fazia parar. O pirata então olhou ameaçador e saiu.

Elizabeth colocava rapidamente a mão no pescoço, tossindo, e quando levantou o olhar para ver quem se aproximava não pôde deixar de ficar surpresa com o que vira.

Prólogo


Em breve.

Mistérios do oceano - Capítulo V

Em breve.

The Faithful Bride bar - Capítulo IV

Em breve.

A fruta francesa - Capítulo I



Em breve.

A prima Seta - Capítulo III



Em breve.